Observatório do Desenvolvimento Capixaba

O Turismo como vetor de desenvolvimento do Espírito Santo

Érika Leal

Ednilson Felipe

Erivelto Fioresi

Muito temos discutido recentemente sobre o turismo como um dos vetores de desenvolvimento do Espírito Santo. A atividade turística é importante para o desenvolvimento e deve ser complementar às outras atividades que ancoram o desenvolvimento como a agricultura, a indústria e o setor de serviços.

A potencialidade turística do estado é amplamente reconhecida quando o foco são os atrativos naturais. Por outro lado, já é também amplamente reconhecido de que os atrativos naturais, por si só, não têm sido suficientes para a exploração de toda a potencialidade da atividade turística no Espírito Santo. Claramente precisamos dar novos saltos.

Neste artigo, apresentaremos algumas contribuições do Observatório do Desenvolvimento Capixaba (ODC) para reflexão do que consideramos importante para potencializar a atividade turística no estado.

Em primeiro lugar, ressaltamos a necessidade de um plano de construção, principalmente na Grande Vitória, de equipamentos turísticos que sirvam como atrativos turísticos, para além do aproveitamento das belas praias e montanhas que o estado dispõe. Sem restar dúvidas de que as belezas naturais importam e devem ser exploradas, é possível, facilmente constatar que as cidades turísticas mais importantes (no Brasil e no exterior) contam com equipamentos turísticos altamente atrativos e que tornaram tais cidades internacionalmente reconhecidas, como São Paulo, Rio de Janeiro, Gramado (no Brasil) e Paris e Barcelona (no exterior). É preciso, nesse sentido, ultrapassar a ideia de que praias e montanhas sejam o diferencial do Espírito Santo, embora esse tenha sido o pensamento dominante dos policy-makers locais por muito tempo.

Nesse sentido, investir em equipamentos turísticos que tornem o Espírito Santo competitivo nas opções para o turista, pode ser crucial para que o turismo capixaba alcance novos patamares. Embora isso não desconsidere a importância das inúmeras ações que foram feitas ao longo dos anos para criação e fortalecimento de diversas rotas e melhorias em diversos aspectos turísticos no Espírito Santo, o fato é que há um vazio de equipamentos turísticos marcantes no imaginário social que possa trazer competitividade para o Espírito Santo. Hoje, na Grande Vitória, por exemplo, o único equipamento turístico é o Convento da Penha, embora nem ele mesmo tenha sido criado com esse fim específico. Mais do que isso: a construção de vários equipamentos turístico dever ser um plano contínuo, já que oferecer novidades ao turista é essencial.

Em segundo lugar, é necessário o estabelecimento de um calendário consolidado de grandes eventos no estado e que seja atrativo para o turista. A ideia fundamental é que as diversas festividades e eventos que acontecem no estado não podem aparecer como ‘disputas territoriais’ pelo turista e que tais eventos, conjuntamente, passem a atrair um fluxo contínuo de turistas ao longo do ano, reduzindo a dependência da sazonalidade verão / inverno, além da possibilidade de direcionamento do perfil do turista para determinados eventos que possam induzi-lo um maior tíquete médio de consumo.

Em terceiro lugar, não é possível pensar em dinamização do turismo sem uma infraestrutura adequada. É necessária uma infraestrutura básica que torne as cidades atrativas, em primeiro lugar, para seus habitantes: isso envolve saneamento, energia, segurança, educação, etc e também, em segundo lugar, para o turista: redes de internet e telecomunicações disponíveis e ruas minimamente organizadas e sinalizadas.

Em quarto lugar, vale dizer que o Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Espírito Santo – DRS, conduzido pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), tratou profundamente das potencialidades e desafios do turismo no interior do estado, tido como vetor dinamizador do interior. Dele, pode-se derivar, com certa facilidade, um plano regional de turismo, considerando as realidades específicas de cada território. A adesão voluntária dos municípios capixabas às regiões turísticas definidas pelo Plano Nacional de Turismo não se deu como esperado, exatamente por não refletir as realidades locais, afastando os municípios dessa estratégia.

Assim, quando analisamos todos esses pontos do turismo capixaba sob a ótica da Teoria do Espaço Turístico (BOULLÓN, 2002), observando a caracterização dos diversos elementos fins da configuração da oferta turística (atrativos naturais e culturais, equipamentos de serviços de alojamento, alimentação e entretenimento, entre tantos outros) observamos que muitos deles são explorados de forma individualizada e sem uma lógica de rede e/ou zona turística. Isso evidencia a necessidade de articulação a fim de desenvolver esse potencial existente e que a implantação de novos equipamentos tenha capacidade de atratividade turística para novos agentes deste segmento.

Por fim, articulando um programa adequado de investimentos em equipamentos turísticos, oferta planejada e contínua de eventos ao longo do ano e com a infraestrutura adequada das cidades, estaremos garantindo as condições essenciais para a viabilidade do turismo como uma atividade econômica, ampliando a demanda pela experiência turística que o Espírito Santo pode oferecer.

REFERÊNCIAS

BOULLÓN, Roberto C. Planejamento do Espaço Turístico. [S. l.]: EDUCS, 2002. E-book.

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