Um debate instigante sobre as políticas de desenvolvimento regional diz respeito à importância do capital social. Compreendido como a capacidade institucional de associativismo que uma região possui, o capital social é um elemento-chave no processo de desenvolvimento das sociedades. Instituições, formais e informais, importam para o desenvolvimento de sociedades, regiões e países.
Nesse sentido, o instigante livro “Making democracy work”, do professor Robert Putnam, da Universidade de Harvard (EUA), é capaz de provocar reflexões. Ainda que o autor tenha se baseado nas tradições cívicas da Itália moderna, a argumentação básica é transladável para outros contextos, conforme apontam as literaturas institucionalistas. A história importa.
De acordo com Putnam, as associações locais e regionais representam estruturas sociais de cooperação relevantes. O associativismo é visto ainda como uma condição necessária para o efetivo exercício do autogoverno. Segundo afirma o professor, quanto maior o civismo em uma região, mais efetivo é o seu governo. Civismo, por sua vez, diz respeito à equidade e ao engajamento social. Grandes e disfuncionais desigualdades sociais operam perversamente contra o desenvolvimento econômico por criarem os sentimentos de injustiças, frustração e exploração.
Em síntese, argumenta Putnam, o associativismo é importante para o desempenho econômico regional. O professor ressalta que o impacto contemporâneo é do civismo para o econômico, não o contrário. Ele questiona o motivo de tantos países terem se mantido subdesenvolvidos e argumenta que o caso italiano é bem rico em reflexões para explicar as falhas de políticas públicas nesses países, na medida em que as políticas tradicionais de polarização e incentivos fiscais também foram adotadas pelos mesmos.
A produtividade de uma região está correlacionada com o seu capital social. Redes horizontais de produção são capazes de construir cooperação entre firmas de pequeno porte, providenciando recursos e superando inclusive dificuldades, que isoladas seriam difíceis de enfrentar. Nesse contexto, o associativismo encoraja confiança social, flexibilidade, inovação e aumento do desempenho econômico.
Entre as lições da experiência regional italiana, Putnam afirma que Estado e mercado operam de forma mais eficiente em configurações cívicas. A cooperação pelo desenvolvimento regional deve ser estimulada pela via do associativismo e pela construção institucional de laços sociais de confiança e interesses comuns.